28. O dia em que Ronaldo despediu Fernando Santos
06 de dezembro de 2022. Fernando Santos ousou colocar Ronaldo no banco em detrimento de Gonçalo Ramos. Passado menos de duas semanas, estava fora da seleção da FPF. O ciclo estava esgotado, mas…
É óbvio que um nome como Cristiano Ronaldo terá, para sempre, um peso incomensurável no futebol português, na seleção da FPF e no próprio país. Indiscutível.
Quando Santos saiu e entrou Martínez, pensou-se que se respirariam novos ares de mudança. Que teriam que passar, também, pela saída de Ronaldo da seleção. E nem os golos aos colossos Liechtenstein (cuja meia-final da Taça foi disputada entre o FC Blazers e o… FC Blazers B, e onde a melhor equipa, Vaduz, joga no campeonato suíço) e Luxemburgo me fazem mudar de ideias. A mudança ficou-se apenas pela inclusão de Gonçalo Inácio (já era hora), a convocatória de Diogo Leite (a premiar uma super-época) e a opção pelo sistema da moda.
Acredito que Roberto Martínez saiba que tem que fazer uma operação de charme junto de CR7, e a verdade é que o tem conseguido: colocou o capitão a titular nos dois jogos e fala com o mesmo sotaque de Cristianinho Jr. (é rezar que as irmãs não leiam isto). Quanto ao futebol jogado, esperemos por testes mais rigorosos para soltar os primeiros elogios ao treinador espanhol, apesar do começo ter sido animador q.b..
A verdade é que já se respiraram ares mais pacíficos em torno da seleção, mas honestamente creio que há uma conjugação de fatores que contribuem para isto.
Primeiramente, e não querendo radicalizar com o fim das seleções, há que rever estes apuramentos. Estes jogos são uma chatice, a verdade é essa. Também creio que há um esgotamento em relação ao endeusamento de Ronaldo. Portugal tem uma seleção de excelência que não pode ver elementos que são efetivamente dos melhores do mundo serem, por sistema, ignorados em prol do eucalipto. Esta frustração, vinda de todos os quadrantes, acabam por se refletir numa viagem no tempo, onde recuamos 25 anos, e vemos os adeptos a assobiarem jogadores da própria equipa só por jogarem no vizinho do lado. Foi mau, mas não me parece que seja um problema exclusivo de Alvalade: via, sem problema, o Dragão a assobiar Bernardo Silva ou a Luz a vaiar Otávio.
A seleção já não é agregadora e temo que esses tempo não voltem no futuro próximo. Quer dizer, não temo nada. Até porque me estou meio a marimbar para uma seleção que está visivelmente minada e que é submissa a jogos de bastidores. Mas, como eu, há muitos mais por aí. E tenho a certeza que todos nós gostaríamos que assim não fosse.
Quanto às equipas de Fernandos Santos, continuam sem jogar uma beata. Mas isso também não surpreende.
Pedro Guarda